Historial


Época 2007/2008
Época 2005/2006
Época 1995/1996

Época 1986/1987


BREVE

HISTORIAL

DO

CLUBE DESPORTIVO DE PONTE



Por Doutor João R Ferreira

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.

Mar Português, in Mensagem, de Femando Pessoa

Estávamos no já distante Verão de 1956. A freguesia continuava a viver a sua pacatez, principalmente entregue à indústria - zona Sul/Sudoeste - e à agricultura - parcela NortelNordeste. E é nesta zona essencialmente agrícola que algo de novo se adivinha e tem de surgir. Com efeito, era urgente passar-se do marasmo reinante a uma vida mais completa, mais sociabilizada, mais humana. Era necessário que, depois de uma semana de intenso e duro trabalho, começado ainda o sol dormia e terminado à luz da lua, era necessário, dizíamos, que o Domingo oferecesse algo mais para além da missa das 6h ou das 11h - onde homens e mulheres, no seu fato domingueiro, tinham o seu único encontro social - , algo mais para além do terço das 15h que era o verdadeiro momento de encontro entre namorados ou de conversas de amigos, algo mais que o refúgio na tasca para o jogo da sueca ou das malhas, sempre acompanhados pelas canecas de bom vinho que o grande ramo de loureiro anunciava à entrada. Nada mais oferecia o Domingo para além da pacatez, quebrada aqui ou ali pelo som de uma harmónica que um ou outro habilidoso executava e que alguns pares aproveitavam para, à sua maneira, dançar o vira. Nada mais tinha esta gente senão trabalho, igreja, tasca e, aqui ou ali, o mais pequeno, espontâneo e esporádico ajuntamento lúdico. Era, no entanto, um povo resignadamente alegre, apesar das enormes dificuldades económicas que sentia para alimentar com "caldo" e pão o seu numeroso rancho; era gente aparentemente animada, apesar da dor que frequentemente avassalava a família pela partida dum rebento de 3 ou quatro anos, como deixava adivinhar o tão amiudado toque dos sinos. Embora ouvisse falar de cinema, isso era algo muito distante e que, por razões óbvias, não merecia a caminhada dos 6 km que separavam a aldeia da sede do concelho - Guimarães. Não que este povo não gostasse de divertimento, como se podia ver no tempo das desfolhadas, em que, num espírito de solidariedade e de "oportunidade", rapazes e raparigas, sempre debaixo do olhar materno, se juntavam na casa deste e daquele lavrador para, serão dentro, ajudar na lide e matreiramente aproveitar para uma "piscadela" de amor. Porque outros divertimentos não existiam, era necessário e urgente criar algo novo que unisse no mesmo espírito sadio, de comunhão e de desenvolvimento social, cultural e educativo esta população sanjoanina.
E foi assim que, numa tarde quente do Verão de 1956, um punhado de homens, exactamente 7 chefes de família, com espírito arrojado capaz de vencer as adversidades, alicerçou o plano de construção de um campo de jogos e de formação de uma equipa de futebol sénior - a equipa do GRUPO DESPORTIVO SANJOANENSE-, para ocupação primordial dos jovens da terra na prática desportiva, para ocupação lúdica de toda a população de Ponte (S. João), para desenvoltura do amor telúrico latente no coração dos seus habitantes. Difundida esta ideia, começou de imediato a curiosidade e o forte interesse de todos, o que provocou nos mentores do plano tal entusiasmo que logo pensaram e entraram em contactos diversos para aquisição e construção do já tão desejado campo de jogos. Feito contrato de arrendamento com o proprietário Eduardo de Freitas Ribeiro, sob fiança de Henrique Soares e de José Ferreira (Calisto), iria nascer no Monte da Ínsua, ali junto ao então lugar da Barreira, o verdadeiro pólo de concentração, de atracção e de ocupação das gentes de Ponte. Mas como construir o campo, se não havia dinheiro e se era preciso devastar o mato, derrubar os eucaliptos e pinheiros (alguns bastante grossos, por sinal), lavrar a terra depois de retirados os poderosos raizeiros bem fixos nas suas entranhas, etc., etc.? Tudo o que parecia difícil, e até quase impossível fazer-se, levou relativamente pouco tempo a executar-se. Na verdade, graças ao entusiasmo desmedido da população e ao poder organizativo demonstrado, elaborou-se naturalmente uma espécie de escala de serviço, e era lindo ver os lavradores que chegavam com as suas juntas de bois, com as suas serras e serrotes, com os seus machados, alviões e sacholas, com os seus arados e grades, e num frenesi diário de todos, numa solidariedade total sem distinção de idades, de sexo, de estatuto social ou de formação, era alegremente comovente ver como todos se entregavam às tarefas, deixando-se orientar pelos que, em cada serviço, mais experiência possuíam. Nunca S. João de Ponte viu tanta azáfama, tanta união e tanto carinho, como na construção do seu campo de jogos. E que belo ficou o espaço, quando, depois de tudo plano e da passagem do cilindro de pedra puxado por algumas juntas de bois, se colocaram as cabritas de vedação e lhes deram, a cada uma e de forma alternada, as cores azul e branco (cores do equipamento), sendo igualmente branco o travessão de madeira que as unia! Não estava tudo feito, contudo. Era necessário criar o emblema do clube e começar a utilização do espaço com a prática desportiva. Se da primeira tarefa se ocupou o Sr. José Teixeira, do lugar do Cantinho, (também jogador do Ponte), vários jovens apareceram para a prática desportiva, trazendo consigo amigos de longe. A equipa formou-se, e a sede apareceu a cerca de 100m do campo de jogos, na terceira casa do bloco do lugar da Barreira.
Em 2 de FEVEREIRO de 1957, tivemos o grande e inolvidável dia para a população de Ponte. Procedeu-se "oficialmente", e com pompa e circunstância, à inauguração pública do campo de jogos do SANJOANENSE. Os nossos atletas iam, com todo o brio, defrontar os jogadores do Vitória Sport Clube! E assim, pelas 14h 30m, era já tanta a população, eram já tantas as bandeiras, algumas de seda e com emblema bordado à mão, umas pequenas outras enormes, que parecia estarmos num espaço geográfico diferente daquele em que sempre vivemos. Houve alguns discursos inflamados de amor sanjoanino, houve troca de galhardetes, houve largada de pombas brancas, e houve foguetes 'Que estrondosamente anunciavam aos mais distraídos, se os houve, e às populações vizinhas que Ponte estava noutro rumo, mais apetrechada e disposta ao desenvolvimento social e cultural. Dia de festa, de confraternização e de regozijo não só pelo jogo, mas sobretudo pela concretização deste sonho que nascera com aquele punhado de homens e que fora construído por todos!
Filiado na F.N.A.T., viveu sempre o Desportivo Sanjoanense o seu objectivo essencial - o de proporcionar a esta população, que vivia intensamente a sua entrega ao pesado trabalho de Segunda até à noite de Sábado, e cujas conversas do Domingo caíam inevitavelmente na temática das dificuldades da vida, proporcionar-lhe, como dizíamos, momentos de lazer, de distracção, âe formação e de cultura, possibilitando-lhe extravasar a sua alegria em ambiente "familiar" e sadio, fora dos meandros do álcool e do fumo que, quase sem diálogo e em recinto fechado, ia consumindo ao longo da tarde. Depois da criação da nossa equipa, nunca mais os fins-de-semana foram iguais. Sendo difícil de imaginar e até de acreditar por parte dos mais jovens o espírito colectivo e positivamente transformador que o GRUPO DESPORTIVO SANJOANENSE trouxe a esta gente humilde mas honesta e rica de sentimentos, permitimo-nos apenas referir que nos Domingos de jogos "em casa" eram tantas as mulheres, homens e crianças que assistiam ao encontro desportivo, que os terrenos circundantes do campo em pouco tempo perderam a vegetação agreste que lhes era própria. E se isto não bastasse, sendo apenas dois os caminhos públicos que conduziam ao recinto, muitos foram os carreiros que, para encurtar distância, apareceram ao longo dos montes envolventes. Nunca nenhum proprietário apresentou queixa ou mandou colocar vedação. E se com o decorrer do tempo se consolidou esta nova forma de vida na sociedade local, também estas concentrações lúdicas e culturais permitiram a este povo dar provas profundas de solidariedade, cuja recompensa era apenas o prazer interior, colectivamente sentido. Prova deste sentimento tivemo-lo na grande festa que a Direcção e população em geral - crianças e adolescentes, rapazes e raparigas, homens e mulheres - realizaram aquando da entrega (transferência) do nosso jogador Pedras para a equipa principal do Vitória Sport Clube, de Guimarães. Quando hoje se fala da emancipação feminina, lembramo-nos como, nesta aldeia tão pacata de fins da década de 50, já a mulher gozava de certa liberdade, participação e opinião na sociedade local. Para esta transformação social, cultural e recreativa contribuiu sobejamente o GRUPO DESPORTIVO SANJOANENSE.
Com a chegada da emigração na década de 60, o sonho do homem em busca de melhores condições de vida tocou também, e em grande escala, a população de Ponte.
             Não bastando esta sonhadora possibilidade de transformação para a família, também a guerra nas ex-colónias, onde tantos iam deixando a vida, despertava nos jovens a vontade de aventura, a caminho de França. E assim, todos os lares viram, de uma forma geral, partir o pai e/ou os filho sem idade de serviço militar. Coma desagregação física da família começaram a sentir-se as dificuldades para manter o clube sanjoanense: faltava o dinheiro para o sumo e as sandes dos jogadores, não se cumpria com o pagamento da luz e do arrendamento da sede [entãojá no rez-do-chão do prédio do Sr. José Ferreira (Calisto)], não aparecia dinheiro capaz de  pagar o arrendamento do espaço onde estava implantado o campo de futebol. Depois de muitas tentativas no intuito de ultrapassar esta embaraçosa situação, e não se vislumbrando, com o andar do tempo, qualquer solução capaz, houve a inevitável necessidade de entregar o terreno ao seu legítimo proprietário, depois de dolorosa mas honradamente preparado para a plantação de eucaliptos como se encontrava no acordo inicial.
Apesar deste desfecho inevitável e profundamente indesejável, o GRUPO DESPORTIVO SANJOANENSE cumpriu o seu dever, constituindo-se, em verdade, principal elemento transformador desta sociedade na área cultural, recreativa e de integração.
Com a revolução de Abril, os emigrantes, e igualmente aqueles que nunca daqui saíram, ganham novo alento e mostram a sua confiança no caminho do progresso, o que faz aumentar significativamente a construção de prédios de estilo elegante e rico e de interiores sobejamente amplos e confortáveis. Os construtores civis vêem nesta terra o espaço ideal para as edificações de 4, 5 e mais andares. Assiste-se ao aparecimento de diversas indústrias e de vários estabelecimentos comerciais e até hoteleiros. Porque este desenvolvimento se verifica um pouco por toda a freguesia, e porque o Parque Industrial capta cada vez mais operários, pessoal especializado e administrativo, assiste-se ao afluxo de nova e numerosa população que faz aquisição da sua habitação na freguesia de Ponte. A união entre os naturais e os imigrados depressa se concretiza, o que prova a aceitação dos primeiros para estes novos desafios sócio-económicos. Há o dever e a "obrigação" de substituir os velhos edifícios escolares por amplas salas, bem arejadas e com luminosidade natural. E se esta transformação se verificou ao nível do 10ciclo, o tempo demonstrou aos responsáveis locais e nacionais a necessidade e até a urgência na construção de um edifício para o ensino de 2° e 3° ciclos. E assim, aquela zona Norte/Nordeste da freguesia, outrora essencialmente agrícola, tem agora novas ocupações profissionais, tem agora mais e novas facilidades de comunicação a nível da língua e, consequentemente, desenvoltura temática no plano sócio-económico. As deslocações à cidade, outrora quase só para as lavradeiras que, pés descalços e cesto à cabeça, aí se deslocavam para venda dos produtos do campo, ou para algumas mulheres e jovens que, sulipas nos pés compassando rítmicas canções afugentadoras do medo, calcorreavam os escuros 6km, para ganharem o pão nas fábricas de Guimarães, estas deslocações passaram a ser possíveis, cómodas e frequentes para todos; graças aos múltiplos meios de transporte, quer públicos quer privados.
Com todo este progresso, muitas outras coisas aparecem. Se, ao falarmos da televisão que todos têm em casa, vemos de imediato os seus inúmeros aspectos positivos, tomando-a  num meio  imprescindível no mundo actual; se ao falarmos da internet não podemos negar a sua necessidade e utilidade a vários níveis; e se ao falarmos do telemóvel não podemos deixar de confessar a sua indispensabilidade neste mundo de correrias, não podemos esquecer que estes novos meios de comunicação e de desenvolvimento contribuem fortemente, quando mal e desmedidamente utilizados; para o sedentarismo, para o isolamento, para caminhos tantas vezes perigosos. E a sociedade foi e vai assistindo passivamente a estes perigos. O jovem isola-se cada vez mais, e, cada vez mais motivado por estes novos meios, vive sem a actividade física e psíquica de que precisa. Se a tudo isto acrescentarmos os convites para a droga; que a juventude encontra nos mais diversos locais, e de que resulta tantas vezes a destruição do lar e o caminho sem retomo para aquele ou aquela que não resiste a estas tentações, diremos que, se outrora foi necessário criar uma associação desportiva para propiciar a todos alguma distracção, algum convívio, alguma cultura perante a pacatez reinante; impõe-se agora a "ressurreição" dessa agremiação para que todos reencontrem a paz, o convívio, a participação colectiva, a paixão por um ideal. E foi, precisamente, neste espírito de construção e de ocupação sadia do ser humano, quer no plano físico quer no do espírito, que mais uma vez um grupo de homens da terra, consciente de que estas novas situações exigiam a feitura de uma obra que oferecesse e provocasse alternativa formadora, educadora e lúdica, decidiu fazer renascer, em novos moldes, o Sanjoanense. A novidade deste pré-projecto espalhou-se rapidamente, e o entusiasmo, há tanto tempo adormecido, reapareceu redobrado. Várias reuniões se efectuaram, e o forte desejo de concretização do sonho esteve sempre presente. Não havia dúvida! O povo queria ardentemente a construção do seu campo desportivo, queria avidamente a abertura do espaço para que as diversas camadas da população pudessem praticar desporto ou assistir aos jogos, conforme a idade, vibrando uns e outros na alegria do encontro, o que contribuiria indubitavelmente para a união, para a formação, para o desenvolvimento cultural da população sanjoanina.
Depois de consenso sobre o local apropriado para construção das instalações desportivas, houve as indispensáveis e positivas negociações com o proprietário do terreno conducentes à sua aquisição, começando-se, depois de breve tempo, a devastação do espaço, o transporte de terras para o nivelamento desejado e a cilindragem para endurecimento e consistência do piso. Embora todo este trabalho fosse feito pela máquina, o que, como vimos, não acontecera, como é óbvio, na construção do primeiro campo, a população demonstrava diária e persistentemente aquela imensurável alegria, aquela intrínseca satisfação que as palavras são incapazes de descrever. Começava aqui a concretização de um dos vários objectivos deste plano. Com efeito, era frequente ver entre os "curiosos" o jovem ainda adolescente, o seu irmão já mais velho (hipotéticos jogadores) e o seu pai e/ou avô que, olhos atentos a todos os movimentos das máquinas e dos trabalhadores, interessada e animadamente falavam deste projecto, com uma ou outra referência ao passado. E se este sentimento de satisfação profunda se demonstrava na significativa e animada presença dos bons "curiosos", foi extraordinariamente belo ver como estes e muitos outros que apareceram se entregaram ao trabalho, logo que lhes foi permitido proceder à medição, abertura das covas, colocação e pintura das cabritas de vedação. Quanto carinho, quanta paixão na execução destas tarefas! Tal como no passado, não se vislumbrava diferença de idades, de estatuto social ou de formação académica, sendo até significativamente visível o número de mulheres que, não podendo mais fazer do que ajudar a restabelecer as forças dos que trabalhavam, apareciam com o "pequeno almoço das dez" ou o pego das 5 da tarde.! Até as crianças gostavam de aparecer e, porque não podiam nem deviam ajudar, lá se entregavam à agradável tarefa das habilidosas tintas, antes de introduzir a bola na enorme baliza mais próxima, ainda despida de cor e de redes! Enquanto isto, já os Directores, com acta daquela concorridíssima Assembleia que, por isso mesmo, exigiu ser realizada no Salão Paroquial Paulo VI, já os Directores, dizíamos, andavam, devidamente instruídos e acompanhados de advogado, pelas escadarias do Palácio de Justiça de Guimarães, para marcarem a escritura pública necessária à constituição desta Associação.
E foi assim que, no dia 29 de ABRIL de 1986, no 2° Cartório da Secretaria Notarial de Guimarães, se procedeu à escritura pública do CLUBE DESPORTIVO DE PONTE.
Concluídos os trabalhos no recinto desportivo e nas instalações anexas, pediu-se a sua inspecção à Associação de Futebol de Braga que teceu rasgados elogios à localização do campo, bem como à amplitude e execução da obra.
O povo merecia uma demonstração de agradecimento por toda a sua dedicação a esta nobre causa, pela sua total entrega à execução do plano, pelo voto de confiança que depositou nos mentores e nos primeiros directores desta Agremiação que tem como grande objectivo o engrandecimento do desporto nacional, promovendo a educação física dos seus associados, desenvolvendo entre eles a prática dos desportos e proporcionando-lhes meios de distracção e de cultura. E assim foi o entendimento dos órgãos dirigentes. Marcou-se a grande festa de inauguração das instalações e do reaparecimento de e do Ponte no mundo do desporto. Das equipas convidadas, nenhuma deixou de anui ao convite formulado. O Domingo da festa tardava em chegar. Os últimos arranjos, com mais uma árvore aqui e ainda outra ali, com mais uma tábua na bancada simples mas relativamente cómoda, ou mais uma cadeira na tribuna das Entidades, iam ocupando os muitos associados que se apresentavam para executar "o que fosse preciso".
Chegado o dia aprazado, logo os bombos anunciam o evento e convidam a freguesia para a sua festa. Bandeiras desfraldadas, recinto limpo, altar sobriamente engalanado, tudo está pronto para, com dignidade e em ambiente festivo, se proceder às cerimónias do programa de inauguração. Partem os últimos associados em busca de um apressado banho e do fato de festas. De todos os lados se engrossa o formigueiro de transeuntes em busca do mesmo local - o campo de jogos do CLUBE DESPORTIVO DE PONTE. São quase 11 horas, e o espaçoso e belo recinto já está repleto! Mais uns minutos e eis que, com a entrada grandíloqua do cortejo litúrgico presidido pelo sacerdote da paróquia, ressoa um cântico especialmente festivo que uma soberba girândola teima em abafar! E o cântico altivamente entoado continuava, e o povo entusiasticamente cantava, ... ou emocionado pelo que via e ouvia, e também pelo que profundamente sentia, chorava ... e sorria ..., deixando que uma ou outra lágrima refrescasse as suas faces! Que orgulho e que alegria reinaram nesta inesquecível manhã! Depois da missa, a que não faltou uma empolgada e alusiva homilia, novo cântico entusiástico, parecendo dizer que a festa estava apenas no seu começo, pois, para além da tarde, muitas outros inesquecíveis momentos surgiriam. E as três horas chegavam com uma multidão ainda maior que a da manhã. Muitas eram as bandeiras azuis ou azuis e brancas que sobrevoavam por cima dos associados e amigos, por cima dos forasteiros que não quiseram deixar de assistir ao reaparecimento (para os mais velhos) ou ao nascimento (para os outros) do Desportivo de Ponte. Altifalantes ensurdecedores, foguetes ferindo os ares, bombos e tambores em busca de espaço sonoro, e palmas e vivas ao Ponte sempre que alguma Entidade acabava a sua oratória. Depois dos discursos e das palmas, houve o respeitoso silêncio, necessário à bênção do recinto desportivo. E novamente as palmas, agora muito mais efusivas com a entrada das equipas. E eis que, de repente, se assiste a uma explosão desmedida de alegria, em que, nova e simultaneamente, foguetes, bombos, vivas e palmas enchem os ares, porque a equipa do PONTE entra finalmente em campo. E foi assim que, num dia cheio de actividade, a população de Ponte se reuniu e viveu o mesmo entusiasmo, a mesma sã euforia, capaz de fazer esquecer caminhos porventura desaconselháveis a um ou a outro dos que aqui se reuniram. Bem-haja, CLUBE DESPORTIVO DE PONTE!
Pertencente à Associação de Futebol de Braga, rapidamente este Clube faz parte dos clubes militantes da sua Divisão de Honra. Às classificações dignificantes para a Direcção e população em geral, associa-se a conquista da Taça da Associação de Futebol de Braga na categoria de seniores, e o 10 lugar no campeonato distrital de juniores, da mesma Associação. Não podendo deixar de registar estes triunfos pelo poder motivador que exerceram na Direcção e em todos os sócios, tenho também a obrigação de referir a força e a união que estas participações provocaram nos povos da freguesia. Com efeito, quem não se lembra, aquando da participação do PONTE na final da Taça da Associação, da enorme mobilização que se gerou nesta terra, dos inúmeros autocarros que encheram e partiram em direcção ao lº de Maio em Braga? E quem não recorda o civismo que esta multidão demonstrou? Haveria outro acontecimento capaz de tamanha concentração, de tão grande participação, de tão significativa prova de amor à terra sanjoanina? E quem não vê a tarde de Sábado ou de Domingo senão como a das horas de verdadeiro e civilizado convívio, onde, por meio de graças inesperadas, mas substancialmente inteligentes, tantas vezes vindas da boca das mulheres, se vai apoiando a nossa equipa, desde a chegada dos primeiros jogadores até bem depois de terminado o encontro. E se o Ponte perde, quanta tristeza se nota nesta massa de povo que, cabisbaixo e resignado, vai lentamente abandonando o recinto. A força hipnótica que o PONTE exerce neste povo é tal, que fim de semana sem futebol é um vazio de algo muito importante no preenchimento destas vidas. Seria imperdoável não registar, neste breve historial do DESPORTIVO DE PONTE, o trabalho que todas as Direcções têm feito para que o Clube se apresente a todos - associados e visitantes, jogadores e equipas de arbitragem - com instalações condignas, porque também isto é elemento importante na função cultural e lúdica de todos. Claro que o povo ajuda sempre, mesmo que a sua situação económica não seja favorável. Como provas, temos a sua ajuda para a construção e cobertura das  dos sócios e da tribuna dos convidados e da imprensa, temos o arranjo do 2º. campo para a prática do desporto pelas camadas mais jovens, temos o animado e proveitoso cortejo em que, tal como noutros momentos, todos parecem esquecer que o mundo também existe fora de Ponte.
Ultimamente, tal como em todo o país, também em Ponte se tem sentido a crise. E embora os apoios financeiros continuem a aparecer, são compreensivelmente bastante mais reduzidos, o que, infelizmente, impede, de momento, a continuação da equipa de juniores e de juvenis. Mesmo assim, conscientes do enorme esforço a que a medida obriga, arrancaram esta época as ESCOLINHAS que, reunindo os pequenos jovens na prática do desporto, são simultaneamente proporcionadoras de distracção e de evolução cultural. E porque os irmãos mais velhos de uns e os pais "babados"” de outros aí os acompanharam e aí se encontram, as ESCOLINHAS acabam por ser um meio de distracção e de cultura para todos.
Que força culturalmente transformadora exerceu e continua a exercer o DESPORTIVO DE PONTE na população da agora Vila! Que poder persuasivo! Que contributo na formação cívica do seu povo! Que pedagogia na construção pela distracção, pela prática do desporto e do exercício físico!
Porque enquanto GRUPO DESPORTIVO SANJOANENSE e agora CLUBEDESPORTIVO DE PONTE foi e é representante de todo um povo que aí bebeu e bebe a água da formação progressiva com efeitos sociais, só duas palavras traduzem a enorme satisfação pela sua existência e firmeza: BEM HAJA! 
Nota: Este documento recebeu, por unanimidade, o aval de toda a Direcção. Época 2004/2005

O Presidente do Clube Desportivo de Ponte

António José A. Ribeiro